sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Blues

Minhas músicas sempre falaram sobre o amor, sobre ir atrás da sua própria verdade, sobre acreditar. Elas sempre foram desabafos. Mas tenho tido dificuldade em compor nos últimos tempos.

Não para os outros, porque me coloco no lugar deles e minha inspiração reflete o que eles gostariam de expressar. Mas estou em conflito sobre o que expressar sobre mim mesma, nas minhas próprias canções.

Estou confusa. Sempre fui muito positiva e talvez até um pouco ingênua em relação ao ser humano. Achava que o amor podia transformar o mundo. Mas que mundo é esse?Vi amigo traindo amigo. Marido traindo esposa. Mentiras sendo ditas. A mão que amparou se defendendo de tapas injustos. Ingratidão. Loucura. Insanidade. Pessoas se escondendo atrás de máscaras e caluniando outros para esconder sua própria vergonha. Crimes. Conflitos. Assassinatos da alma. Vi a esperança sendo massacrada. Polícia assaltando. Bandido virando mocinho.

Cadê a moral? Cadê o bom senso? Cadê o ser HUMANO? Só vejo monstros em todos os lugares. E eles nem se disfarçam mais? Ou sou eu que perdi alguma coisa? Alguma coisa mudou em mim. Minhas músicas não serão as mesmas.

Uma frase da música do Journey me vem à cabeça agora: some will win, some will lose. Some were born to sing the blues. Don’t stop believing. Hold on to the feeling.

Eu quero meu mundo de volta.

A quem me lê e me ouve,
Um beijo.
Alana.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Poema do Exílio

Me identifico demais com este poema de Alziro Zarour...

POEMA DO BREVE EXÍLIO

Quem foi que disse
que me conhece?
Certamente foi alguém que
também não se conhece.

Meu passo é lento
e, entretanto, eu sou veloz
como um pássaro na altura.
Meu olhar é restrito
e entretanto, eu vejo além
de planetas e de estrelas,
como um telescópio vivo.
Tenho saudade da Pátria Etérea,
porque lá é que eu sou Eu,
sem chumbo nos pés,
sem areia nos olhos.
Estou aqui de passagem,
e ninguém sabe.
Quem foi que disse
que me conhece?

Irmãos,
eu vos estranho,
e até me estranho entre vós.
Sabeis quem sou?
É claro que não sabeis.
Tão cedo não sabereis
nem, ao menos, quem sois vós.
Vossa terra é grosseira,
vosso corpo é um sudário.
Como é que podereis amar
o vosso amor sem materialidades?
Pois não conheceis o Amor,
sem calos nas mãos,
sem espinhas no rosto,
sem dentes cariados,
sem nervos nem ciúmes,
sem palavras de mau hálito.
Um dia,
conhecereis o Amor
sem moléstias venéreas.

Quem foi que disse
que me conhece?
Nem meu pai,
nem minha mãe,
nem meus irmãos,
nem parentes nem vizinhos,
nem psicólogos de esquina.
Talvez Alguém
de outros tempos,
de outras esferas,
do Espaço Infinito,
talvez.

Estou exilado entre vós,
até um dia,
que só Deus sabe.
Estou aqui de passagem,
por pouco tempo,
e ninguém sabe.
Quem foi que disse
que me conhece?
Nem eu me conheço mais,
na vossa terra grosseira,
eu que tenho 2.000 anos
já feitos e bem vividos.

Estas não são minhas faces,
não são estas minhas mãos,
meu corpo não é assim.
Eu me lembro
do que sou na realidade,
não é nada disto aqui
que vós todos abraçais.
Nem minha voz é a voz
que o microfone transmite,
em ondas curtas e médias.
Quem foi que disse
que me conhece?
E a quem poderei amar?
Vosso amor é algo torpe,
algo grotesco,
não é Amor.

Ah! Agora me lembro bem
que desci por pouco tempo,
exilado na missão
de vos dizer algo mais
da Pátria Etérea que habito.
Alegrai-vos, irmãos puros,
porque vos conduzirão
à Terra da Promissão,
que Deus fez só para os bons.
Mas, até lá, eu me estranho,
e não me conheço mais,
eu que tenho 2.000 anos
já feitos e bem vividos.

Quem foi que disse
que me conhece?
Certamente foi alguém
que também não se conhece.

A quem me lê e me ouve,

Um beijo.

ALANA.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mudança

Eu sou uma pessoa de mudanças. Acho saudável a gente se reinventar. Deve ser muito triste alguém com manias e rotinas fazendo de todos os dias uma cópia do dia anterior. E eu estou sempre mudando a cor do cabelo ,o prato preferido, as músicas no ipod. E ontem mudei de casa. Confesso que só de pensar nisso, me dava uma certa preguiça. Nao o fato de mudar, mas o processo da mudança. Caixas,empacotar coisas,embrulhar, tirar tudo do lugar…pó…espirros..olho coçando…polaramine.

Mas eu precisava mudar e mudei. De meio-dia à 01:00h da manhã eu não parei um minutinho sequer. Fiquei na função. E a parte boa mas a mais difícil é a de decidir o que vai levar com você e o que vai ficar na casa velha, no passado. Eu até tento me despreender de “coisas”….mas aí achei uma blusa que não usava há uns 10 anos, só que fui tão feliz na época que usei…e sei que se levar ela comigo, ela vai ficar lá ocupando espaço, mas meu coração vai ficar feliz de ela estar ali cúmplice. E assim foi não só com uma blusa..mas com disco que detestei mas ganhei de amigo querido, ou sapato que nunca usei mas ganhei do meu pai e sei o quanto ele tentou acertar quando comprou pra mim…. E lá fui eu enchendo malas e caixas…

Por que é tão difícil de desapegar das coisas? Eu não faço coleção de nada,já me desfiz há anos da minha coleção de papel de carta hehe(e confesso tenho saudades dela,rs) . Eu tinha uma coleção de mais de 500 cds maravilhosos e foram roubados. Meu primeiro violão foi quebrado em pedacinhos pela namorada ciumenta de um amigo.. (é…vontade de quebrar outro na cabeça dela…eu sei) Tem coisas que a gente dá ou joga fora, depois nem lembra. Ou fica anos sem usar, mas quando se desfaz, no dia seguinte vai precisar. (Sem falar naquelas roupas que a gente dá e cinco anos depois voltam à moda.) E tem coisas que nos acompanham pela vida…como alguns amigos queridos..que a gente pode não ver nem falar por anos, mas continuam ali. E lembranças…e memórias… que ficam fotografadas e ninguém pode rasgar ou tirar de você. Essas eu coleciono várias.

Ontem eu me desfiz de malas e várias caixas de coisas…hoje vi algumas das caixas sendo recolhidas por um catatador de papelão. E vi elas abertas na calçada.Tá tudo bem. Elas podem ir, as lembranças vão ficar.

Tenho saudades dos meu playmobil…mas se eu os tivesse em caixas até hoje, não teria saudades, não é?

A quem me lê e me ouve,

Um beijo.

Alana.