quinta-feira, 29 de abril de 2010

BAILARINA

Eu sou uma bailarina.
Comecei a dançar com dois anos de idade, quando minha mãe me colocou na aula de ballet. E foi aí que a música despertou pra mim. Sei que ela nasceu comigo, mas foi a dança que fez meu corpo despertar pra ela. Aos sete entrei na ginástica rítmica, onde cheguei a competir.

Mais tarde, com uns onze anos, quando já estudava piano, foi ao contrário: a música me trouxe a dança. Entrei na aula de ballet novamente. Eu queria expressar o que a música fazia comigo. E não consegui chegar aonde eu queria, porque tinham muitas regras e passos engessados. Aí fui para o jazz, mais libertador.

Depois disso dancei muita na vida também: dei muitas piruetas pra me livrar de problemas,cambalhotas comemorativas,fiz vários spacattos com a grana quando estava curta, e fiquei muito na meia-ponta para alcançar um beijo.

Hoje, anos depois, estou voltando para a dança. Não mais somente pra me expressar, mas agora talvez para ilustrar o que digo nas minhas músicas. É o “esporte” que mais me dá prazer....porque claro: a música está presente.

E uma coisa é certa: uma vez bailarina, pra sempre bailarina.

Beyoncé que se cuide! :P

A quem me lê, me ouve e me assiste,

Um beijo.

ALANA.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Senhor, olhai por mim. Mas se não der, me dá uma piscadinha?

Senhor,

obrigada por ter me feito nascer mulher num mundo onde parece que mesmo os que não são, querem ser. E me faça lembrar disso mesmo nos dias de cólica e TPM.
E para cada dia de TPM, me dê uma vitrine de sapatos lindos em promoção!E em homenagem aos que não nasceram mulher, que toda semana eu use um salto alto, batom vermelho e me sinta a Megan Fox. E por falar nela, já que nunca pedi por milagre, que se as estrias e celulites forem inevitáveis, que venham, mas sejam discretinhas.

Quando nada é garantido, tudo é possível. Então se eu não acertar na mega sena, que pelo menos eu seja a milésima cliente a entrar numa agência de viagens e ganhar uma passagem pro Tahiti por causa disso.

Eu sei que não tenho senso de direção nenhum, mas me ajude a errar o caminho no destino certo. E se puder afastar os motoqueiros barbeiros do meu retrovisor e que meu carro esteja sempre com pneus calibrados e óleo trocado automaticamente, seria outro milagre bem-vindo, Senhor. Se por acaso eu pegar um trânsito daqueles, que eu ligue o rádio e esteja tocando minha música preferida.

Pode deixar que eu protejo meu cabelo e pele do vento e sol, mas proteja meus colares e brincos da inveja e mau olhado.

Não quero ser perfeita mas não abro mão de viver inspirada. Então, Senhor, que não me falte motivos para escrever, bons ou ruins, mas que se forem ruins, que não falte chocolate para me acalmar.

Que eu não esqueça mais das datas importantes, como o aniversário de casamento dos meus pais, porque todo ano é um problema. E que eu sempre lembre de ligar para eles aos domingos.

Cegue meus olhos para a louça suja na pia. E para os cafajestes lindos caso tentem me tirar da razão e do meu caminho.
Tampe meus ouvidos da fofoca, mas não me deixe ser a última a saber caso o Brad Pitt ficar solteiro e estiver passando férias no Brasil.

Livrai-me de todo mal e de todo vício, a não ser o vicio de academia. Que eu consiga ser persistente mesmo nos dias de chuva e de frio.

Dê firmeza aos meus seios e bunda. E também à minha voz, quando ela se fizer necessária num momento difícil.

Faça com que eu seja uma boa namorada, amiga, filha e quem sabe, mãe.

Proteja minha saúde, meu trabalho, minha família, meu intestino e meus segredos.

Sou mulher, Senhor, mas ainda não está na hora de uma mulher como a Dilma ser presidente do meu país.

Senhor, por pior que seja meu dia, faça com ele termine, e não eu.

* inspirado e baseado num texto de autora desconhecida.

A quem me lê, me ouve e me assiste,

Um beijo.

ALANA.

terça-feira, 6 de abril de 2010

METADE

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.