segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Poema do Exílio

Me identifico demais com este poema de Alziro Zarour...

POEMA DO BREVE EXÍLIO

Quem foi que disse
que me conhece?
Certamente foi alguém que
também não se conhece.

Meu passo é lento
e, entretanto, eu sou veloz
como um pássaro na altura.
Meu olhar é restrito
e entretanto, eu vejo além
de planetas e de estrelas,
como um telescópio vivo.
Tenho saudade da Pátria Etérea,
porque lá é que eu sou Eu,
sem chumbo nos pés,
sem areia nos olhos.
Estou aqui de passagem,
e ninguém sabe.
Quem foi que disse
que me conhece?

Irmãos,
eu vos estranho,
e até me estranho entre vós.
Sabeis quem sou?
É claro que não sabeis.
Tão cedo não sabereis
nem, ao menos, quem sois vós.
Vossa terra é grosseira,
vosso corpo é um sudário.
Como é que podereis amar
o vosso amor sem materialidades?
Pois não conheceis o Amor,
sem calos nas mãos,
sem espinhas no rosto,
sem dentes cariados,
sem nervos nem ciúmes,
sem palavras de mau hálito.
Um dia,
conhecereis o Amor
sem moléstias venéreas.

Quem foi que disse
que me conhece?
Nem meu pai,
nem minha mãe,
nem meus irmãos,
nem parentes nem vizinhos,
nem psicólogos de esquina.
Talvez Alguém
de outros tempos,
de outras esferas,
do Espaço Infinito,
talvez.

Estou exilado entre vós,
até um dia,
que só Deus sabe.
Estou aqui de passagem,
por pouco tempo,
e ninguém sabe.
Quem foi que disse
que me conhece?
Nem eu me conheço mais,
na vossa terra grosseira,
eu que tenho 2.000 anos
já feitos e bem vividos.

Estas não são minhas faces,
não são estas minhas mãos,
meu corpo não é assim.
Eu me lembro
do que sou na realidade,
não é nada disto aqui
que vós todos abraçais.
Nem minha voz é a voz
que o microfone transmite,
em ondas curtas e médias.
Quem foi que disse
que me conhece?
E a quem poderei amar?
Vosso amor é algo torpe,
algo grotesco,
não é Amor.

Ah! Agora me lembro bem
que desci por pouco tempo,
exilado na missão
de vos dizer algo mais
da Pátria Etérea que habito.
Alegrai-vos, irmãos puros,
porque vos conduzirão
à Terra da Promissão,
que Deus fez só para os bons.
Mas, até lá, eu me estranho,
e não me conheço mais,
eu que tenho 2.000 anos
já feitos e bem vividos.

Quem foi que disse
que me conhece?
Certamente foi alguém
que também não se conhece.

A quem me lê e me ouve,

Um beijo.

ALANA.

2 comentários:

  1. ALANA, VOCE NAO ME CONHECE, MAS DANDO VOLTAS POR ESTE MUNDO WEB, ME DEPAREI COM ESTE POEMA POSTADO NO SEU BLOG, E ME OCORREU QUE TALVEZ VOCE NAO SAIBA QUEM FOI ALZIRO ZAROUR. ELE FOI O PRIMEIRO PASTOR A USAR A MIDIA PARA SUPOSTAMENTE ARRECADAR DINHEIRO PRA AQUELA GRANDE OPERAÇAO FINANCEIRA CHAMADA LEGIAO DA BOA VONTADE. ELE FOI O PRECURSOR DO EDIR MACEDO. ISTO POSTO, NAO POSSO CRER QUE ALGUEM COM ESTE PERFIL, POSSA DIZER ESTAS COISAS COM LEVEZA E VERDADE. DE QUALQUER FORMA, O QUE IMPORTA E A SUA LEITURA DO POEMA,E A GENTE ENXERGA OS OUTROS COMO A GENTE E, ENTAO ISTO MOSTRA DE FORMA ESPELHADA, QUEM VOCE E.

    ResponderExcluir
  2. Olá, agradeço seu comentário. Você nao me conhece e eu nao conheço vc. Mas tenha certeza que conheço Alziro Zarour-ele foi padrinho do meu namorado. E conheço principalmente o trabalho e o legado deixado por ele. Infelizmente em todas as ações existem seus lados negativos. O grande problema é quando só nos apegamos a eles. Com certeza a humanidade seria muito melhor se nos apegássemos ao lado positivo e construtivo das coisas. Por exemplo, gostei de voce ter comentado meu blog, apesar de nao concordar com sua opinião. Mas para mim o que importa é o movimento. E "quem acha que me conhece, é porque certamente também não se conhece."
    Obrigada.

    ResponderExcluir