“O que você faz?”
- Sou cantora.
-“Não, qual é sua profissão de verdade? “
Confesso que fazia tempo que não ouvia algo assim. O problema é responder. Fico em dúvida se digo: “ahhh, tá. Entendi.Profissão de verdade MESMO? Sou malabarista de circo no semáforo.”
Sei que não sou a única a ouvir isso. Todos os músicos que ainda não tocaram no Faustão já ouviram. Donas de casa já ouviram. Surfistas já ouviram. Professores de inglês já ouviram. E malabaristas de circo já ouviram.
Em tempo, aprendam: ex-BBB é profissão. É?
Se você reparar, todos os que são questionados sobre seu ofício, fazem algo que gostam por vocação, dom e sonhos. Muitas vezes ganham menos dinheiro do que ganhariam se estivessem engessados num trabalho comum.São malabaristas da vida. Mas ficam menos doentes, compram menos remédios, não se empanturram de comida porque não tentam compensar o vazio interno de suas almas.
E há também os que ganham muito bem. Quem eu mais vejo enriquecendo (licitamente)nos dias de hoje não são médicos, advogados ou engenheiros. São DJs, desenvolvedores de games, chefs de cozinha, fotógrafos, produtores de moda... Todos os que são bons no que fazem, porque o fazem sem parecer trabalho. Transformaram seus hobbies em profissões. E essa é a fórmula do sucesso.
A mulher que me perguntou isso não o fez por mal. Mas faz mal para ela. Não o fato de ela ter uma vida comum. Mas ela ignorar o fato de existir outros tipos de vida, de formas, de mundos além do dela. O que faz mal é o desconhecimento. É o não conhecer o outro. É a preguiça de sair pela porta e desbravar mundos diferentes.
Ela continua lá sem entender. Mas quem entendeu fui eu. Entendi que existem mundos que não conhecem o meu. E aprendi a entender quem não me entende.
A quem me lê e me ouve,
Um beijo.
ALANA.
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